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terça-feira, 29 de novembro de 2016

SOBRE SER MÃE DE UTI - MEUS 36 DIAS DE ANGÚSTIA, EMOÇÃO E MUITO APRENDIZADO - Parte I



Sophia, a primeira a nascer, com 7 dias de vida. Nasceu com 1260kg
No dia 28/09/2009, após  33 semanas e 3 dias de gravidez (uma super vitória, para quadrigêmeos), teve início a uma fase muito importante na vida do meu quarteto e desafiadora na minha: a UTI neonatal.
Durante esse período, fiz poucas postagens sobre isso, sobre o dia a dia, as dificuldades, as vitórias e as emoções, apenas atualizava algumas informações e fotos, pois acho que nem estava com estrutura física e emocional para isso.
Hoje, 7 anos depois (para vocês verem como mães de uti não se esquecem dessa vivência), decidi fazer um diário com algumas postagens, para dividir com vocês um pouco dessa experiência, que quem já passou, sabe como marca a nossa vida para sempre.
Desde o dia que recebi a notícia que teria quadrigêmeos, veio com ela o aviso do parto prematuro e a internação na UTI. Sempre estive preparada para isso, não foi nenhuma novidade, nem me assustou, mas não tinha a menor ideia do que significava ME internar e viver com eles todos esses dias.
Assim que saíram da barriga, graças à Deus sem nenhuma intercorrência, em um parto cesárea de apenas 5 minutos, passaram pelo procedimento comum de todos os bebes: limpar, pesar e apresentar para a mãe. Em seguida, foram direto para a neo.
João Pedro, com 3 dias de vida. O mais gordinho: nasceu com 1505kg
O parto foi de manhã, voltei para o quarto e passei o dia todo, pedindo para os médicos e enfermeiras que me autorizassem visitá-los, não estava aguentando de curiosidade, preocupação e necessidade de confirmar se realmente estavam todos bem. Não aceitei nem o antialérgico, para parar de me coçar da reação da anestesia, com medo de dormir e eles me enganarem.
Enfim, as 22:30, consegui convencê-los que não sossegaria enquanto não fosse até lá. Levantei e tomei meu banho sozinha (claro que com muita dor, mas não queria demonstrar, pensando que não me deixariam ir, caso não estivesse bem), tentei ir andando, mas tive que ceder à cadeira de rodas no meio do caminho. Além dos pontos, a barriga ainda continuava muito grande e pesada, então acabava pressionando mais o corte.
Cheguei, conheci o leito dos 4, fiquei muito feliz em saber que o hospital havia reservado um espaço só para eles (que contarei mais pra frente, pois não foi uma coisa tão bacana assim, com as outras mães), conferi um a um, chequei os 10 dedos das mãos e dos pés (até agora não sei porque fazemos isso), fiz um carinho em cada e corri para o meu quarto. Realmente acho que os médicos tinham razão, ainda não estava bem para tudo isso.
Mais aliviada, dormi tranquila, como não dormia há muito tempo, e me preparei para o meu primeiro dia oficial na UTI.
E foi assim que tudo começou...
Laura , com 7 dias de vida. Nasceu com 1340kg, foi para 1090kg
Logo cedo, recebi a visita da enfermeira do banco de leite, me orientando sobre os meus horários e o método de extração. Então, após todas as orientações, segui minha rotina que duraria os longos e intermináveis 36 dias.
Ainda não podia pegá-los, mas mesmo assim sentia uma necessidade ENORME de ficar ali por perto. Sentei próximo a uma das incubadoras e fiquei olhando a paz com que dormiam, mesmo cheio de aparelhos, sonda de alimentação e um cenário que assustava muito mais do que a realidade. Eles não precisaram de nenhum procedimento, nem mesmo oxigênio, ficaram lá mesmo só para engordar, mas a gente sempre se impressiona e cria alguma pulga atrás da orelha, né?
De repente, sem que eu soubesse que isso era tão comum, começo a ouvir um disparo no monitor, entro em desespero, grito para chamar as enfermeiras, que estavam ao lado e reagiram com toda calma. Não entendia aquela calma, em todos os filmes que via, sempre tinha o apito no monitor, quando a pessoa estava morrendo, todos saíam correndo, havia uma super movimentação no hospital, como elas poderiam agir daquela forma??? Tranquilamente ela acertou o monitor, conferiu os aparelhos e o silêncio voltou ao leito.
Ufa!!! Primeiro aprendizado (que demora um pouquinho para acostumar): os apitos são mais comuns que você imagina. OK! Registrado!
Beatriz, fazendo banho de luz, com alguns dias de vida. Nasceu com 1200kg
Mas devo confessar que pensei que O MEU coração que iria parar, mesmo após o alívio.
Durante todo o dia foi assim: apitos, sustos, mãos e pés minúsculos que eu tocava ainda sem muita intimidade, bebês dormindo e eu tentando me acostumar com aquele ambiente tão novo, que seria quase minha casa, durante tempo indeterminado, ainda, naquele momento.
Mal sabia eu, que aquela era apenas uma amostra, ainda teria a fase do pele a pele (o tal do canguru), o banco de leite e a minha alta, que tumultuou um pouco mais esse processo todo, mas que mesmo assim teve um toque de humor em alguns casos.
Acompanhe os próximos posts, para (re)viver comigo, todas essas emoções.