Sophia, a primeira a nascer, com 7 dias de vida. Nasceu com 1260kg |
No dia
28/09/2009, após 33 semanas e 3 dias de
gravidez (uma super vitória, para quadrigêmeos), teve início a uma fase muito importante na vida do meu quarteto e
desafiadora na minha: a UTI neonatal.
Durante
esse período, fiz poucas postagens sobre isso, sobre o dia a dia, as
dificuldades, as vitórias e as emoções, apenas atualizava algumas informações e
fotos, pois acho que nem estava com estrutura física e emocional para isso.
Hoje, 7
anos depois (para vocês verem como mães de uti não se esquecem dessa vivência),
decidi fazer um diário com algumas postagens, para dividir com vocês um pouco
dessa experiência, que quem já passou, sabe como marca a nossa vida para
sempre.
Desde o
dia que recebi a notícia que teria quadrigêmeos, veio com ela o aviso do parto
prematuro e a internação na UTI. Sempre estive preparada para isso, não foi
nenhuma novidade, nem me assustou, mas não tinha a menor ideia do que
significava ME internar e viver com eles todos esses dias.
Assim que
saíram da barriga, graças à Deus sem nenhuma intercorrência, em um parto
cesárea de apenas 5 minutos, passaram pelo procedimento comum de todos os
bebes: limpar, pesar e apresentar para a mãe. Em seguida, foram direto para a
neo.
João Pedro, com 3 dias de vida. O mais gordinho: nasceu com 1505kg |
O parto
foi de manhã, voltei para o quarto e passei o dia todo, pedindo para os médicos
e enfermeiras que me autorizassem visitá-los, não estava aguentando de
curiosidade, preocupação e necessidade de confirmar se realmente estavam todos
bem. Não aceitei nem o antialérgico, para parar de me coçar da reação da
anestesia, com medo de dormir e eles me enganarem.
Enfim, as
22:30, consegui convencê-los que não sossegaria enquanto não fosse até lá.
Levantei e tomei meu banho sozinha (claro que com muita dor, mas não queria
demonstrar, pensando que não me deixariam ir, caso não estivesse bem), tentei
ir andando, mas tive que ceder à cadeira de rodas no meio do caminho. Além dos
pontos, a barriga ainda continuava muito grande e pesada, então acabava
pressionando mais o corte.
Cheguei,
conheci o leito dos 4, fiquei muito feliz em saber que o hospital havia
reservado um espaço só para eles (que contarei mais pra frente, pois não foi
uma coisa tão bacana assim, com as outras mães), conferi um a um, chequei os 10
dedos das mãos e dos pés (até agora não sei porque fazemos isso), fiz um
carinho em cada e corri para o meu quarto. Realmente acho que os médicos tinham
razão, ainda não estava bem para tudo isso.
Mais
aliviada, dormi tranquila, como não dormia há muito tempo, e me preparei para o meu primeiro dia oficial na UTI.
E foi
assim que tudo começou...
Laura , com 7 dias de vida. Nasceu com 1340kg, foi para 1090kg |
Logo cedo,
recebi a visita da enfermeira do banco de leite, me orientando sobre os meus
horários e o método de extração. Então, após todas as orientações, segui minha
rotina que duraria os longos e intermináveis 36 dias.
Ainda não
podia pegá-los, mas mesmo assim sentia uma necessidade ENORME de ficar ali por
perto. Sentei próximo a uma das incubadoras e fiquei olhando a paz com que
dormiam, mesmo cheio de aparelhos, sonda de alimentação e um cenário que
assustava muito mais do que a realidade. Eles não precisaram de nenhum
procedimento, nem mesmo oxigênio, ficaram lá mesmo só para engordar, mas a
gente sempre se impressiona e cria alguma pulga atrás da orelha, né?
De
repente, sem que eu soubesse que isso era tão comum, começo a ouvir um disparo
no monitor, entro em desespero, grito para chamar as enfermeiras, que estavam ao lado e
reagiram com toda calma. Não entendia aquela calma, em todos os filmes que via,
sempre tinha o apito no monitor, quando a pessoa estava morrendo, todos saíam correndo, havia uma super movimentação no hospital, como elas poderiam agir daquela forma??? Tranquilamente ela acertou o monitor,
conferiu os aparelhos e o silêncio voltou ao leito.
Ufa!!!
Primeiro aprendizado (que demora um pouquinho para acostumar): os apitos são
mais comuns que você imagina. OK! Registrado!
Beatriz, fazendo banho de luz, com alguns dias de vida. Nasceu com 1200kg |
Mas devo
confessar que pensei que O MEU coração que iria parar, mesmo após o alívio.
Durante
todo o dia foi assim: apitos, sustos, mãos e pés minúsculos que eu tocava ainda
sem muita intimidade, bebês dormindo e eu tentando me acostumar com aquele ambiente
tão novo, que seria quase minha casa, durante tempo indeterminado, ainda,
naquele momento.
Mal sabia
eu, que aquela era apenas uma amostra, ainda teria a fase do pele a pele (o tal
do canguru), o banco de leite e a minha alta, que tumultuou um pouco mais esse
processo todo, mas que mesmo assim teve um toque de humor em alguns casos.
Acompanhe
os próximos posts, para (re)viver comigo, todas essas emoções.
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