Se tem uma coisa que vem junto com a maternidade, que
talvez a gente nunca consiga se livrar TOTALMENTE, é a famosa famosa culpa, que
nós, mães, insistimos em sentir a todo o momento, principalmente no incício.
Procuramos pelo em ovo (como dizem), para dar um jeito
de ter culpa em alguma coisa. Impressionante, como nunca estamos satisfeitas.
Sabe porquê? Eu acho que tem a ver com esse título,
que coloquei. Pelo menos comigo, aconteceu algumas vezes, até eu enxergar isso
e agir de forma diferente em relação à outras mães, expectativas dos outros e
minhas capacidades X realidade X culpa.
A primeira vez que tive essa noção, foi logo no
início, no dia seguinte que tive alta do hospital e eles ficaram na UTI.
Tinha ficado 7 meses e meio de repouso na casa da
minha mãe, saí de lá direto para o hospital, onde fiquei mais 21 dias para,
enfim, voltar para a minha casa, para um pouco de vida após tanto tempo
deitada, sem precisar me preocupar com uma barriga com 4 bebês, ou seja,
relativamente livre para viver por uns dias, enquanto meus filhos estavam naUTI, de um dos melhores hospitais.
Lembro perfeitamente do dia. Saímos do hospital em um
sábado de manhã, estava um dia lindo! Fomos almoçar fora, aproveitei minha
liberdade, andei, subi escada, curti minha casa, fiquei feliz, voltei para
minha vida, dentro do possível, naquele momento. Era uma sensação deliciosa,
mesmo sabendo que os 4 estavam na UTI (bem, internados apenas para ganhar
peso), o fato de estar ali depois de tanto tempo em uma cama, me deixava feliz!
Eles estavam recebendo os melhores cuidados que podiam, eu também precisava cuidar
de mim e foi o que eu fiz!
No primeiro dia da minha alta, um domingo, não passei
a tarde com eles, dentro da UTI, olhando os bebês por um acrílico e tocando por
um buraco, como as mães de cartilha achavam que eu deveria ter feito. Sabia que
estava tudo ótimo com eles, passei para deixar os leites, conferir o prontuário
e pronto, fui curtir o meu primeiro dia oficial fora da cama, do hospital e sem
a barriga!
Fui feliz, não teria mudado nada, sei que fiz o que
foi certo PARA MIM, naquele momento. Porém, foi nesse dia que comecei a
perceber o tal “O que os outros acham que eu devo fazer”. É engraçado, mas em
alguns momentos eu pensava: não é estranho eu não ter ficado? As mães perfeitas
não ficariam? Preciso sentir culpa! E aquilo ficou martelando na minha cabeça.
Será que o certo não era eu estar lá? Bingo! Eu já estava afetada pelas
perfeitas “Mães de cartilha”.
Certo?? Certo para quem? Aí, em diversas situações, me
cobrava por não estar pensando neles, por não agir como elas, por não ser tão
fofa e tão perfeita, por pensar em mais coisas, além da maternidade.
De repente, percebi que quando pensava neles (já com
eles em casa e eu de volta ao trabalho), antes vinha a frase de cobrança:
Nossa! Faz muito tempo que não penso neles.
Internamente, era como se houvesse alguém me julgando
a todo momento, como se eu devesse seguir a cartilha e estivesse andando na
direção errada.
Enfim, percebi que as mães perfeitas não existem, que
nem essas que julgam e ditam regras são, e passei a seguir o meu instinto, a
minha vontade, sem culpa, fazendo o meu melhor, com muito amor, mas da minha
maneira.
Voltei a trabalhar, deixei com babá, pois não poderia
abandonar meu trabalho, saí do trabalho, pois ficou inviável, ai decidi colocarna escola... ouvi, ouvi,ouvi...
Quando fiz essa escolha da escola, com 1 ano e 4 meses
deles, mesmo tendo saído do trabalho, foi um prato cheio para a turma da
perfeição. Como assim, eu paro do trabalhar e não quero aproveitar 24 horas
para ficar com eles? NÃO!!! EU NÃO QUERO!!!
Sempre disse que o que importa é a QUALIDADE do tempo, não a QUANTIDADE.
E então, com o passar dos anos, me libertei de vez do
pensamento, porque eventualmente ainda me pegava agindo da forma que ELAS
ACHAVAM QUE DEVIA SER FEITO. Quando aceitei a minha forma de maternar, sem
culpa que colocam em mim, nem cobranças de quem não vive minha realidade, criei
a MINHA cartilha, que é só MINHA e eu não prego para ninguém seguir.
Certamente continuo sendo assunto para muitas mães da
cartilha, mas com certeza, minha forma de maternar ficou bem mais leve,
tranquila e, principalmente, segura. Me livrei de grande parte da culpa que as
vezes acabava carregando. Deixei só o que realmente importa e vai fazer alguma diferença, na vida deles.
Quando assumi essa postura, me surpreendi com a
quantidade de mães da “outra turma”, que vinham me dizer que me admiravam, que
adoravam a forma que eu conduzia meus filhos e minha vida, que gostariam muito
de fazer como eu.
Sorrio, agradeço e fico aliviada por ter me libertado,
caso contrário, eu poderia ser como aquela mãe, presa às regras de outras, sem
nem saber porque está agindo daquela forma, admirando alguém que optou por ser
feliz!
Melhor do que queimar o sutiã, é rasgar as
cartilhas!!!
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